sábado, 16 de novembro de 2024

Uma Breve História da Criação

Uma Breve História da Criação



No Início...

Havia o Caos. 

A Essência da realidade girava por dentro e através de si mesma sem rima ou razão. Tempo e espaço não tinham significado, matéria e energia não tinham substância, a própria existência era feita apenas de potencial: conceitos de coisas que não eram, mas poderiam ser.

Essa era a Agréstia.

Os Shinma

Desse caos, alguns bolsões surgiram, vazios entre conceitos. Esses bolsões de vazio começaram a definir o caos por oposição, moldando o que era definindo o que eles não eram. Esses eram os Shinma.

Nirguna, o Coração, não existe, não tem substância ou forma, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de existir.

Nirupadhika, o Caminho, não tem lugar, está em todo lugar e em lugar nenhum, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de estar em um lugar e não em outro.

Niramytha, a Era, não tem começo ou fim, não tem passado ou futuro, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de mudar com o tempo.

Nirvishesha, o Anel, não tem identidade, não tem diferenciação ou limite, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de ser separadas e individuais.

Nirvikalpa, o Cajado, não interage, não tem conexão com nada, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de perceber e afetar outras coisas.

Dharma, a Taça, é perfeita e pura, não tem mácula e não comete erros, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de serem falhas.

Nishkriya, a Espada, é livre, sem conhecer obstáculos ou conflito, e assim, por não ser ela, outras coisas são capazes de lutar e competir.



Arcádia

Conforme os Shinma começaram sua não-existência, o caos ao redor deles foi influenciado em oposição a sua ausência, e conforme sua influência cresceu, eles começaram a se sobrepor. No centro dessa influência metafísica, onde as coisas podiam ter forma e lugar e identidade e todas as coisas que os Shinma não eram, havia ordem suficiente no caos para conceitos mais complexos se cristalizarem. Foi o início de coisas como seres individuais, lugares e eventos. Conforme esses conceitos interagiram e se sobrepunham, eles começaram a assumir a forma de Histórias. Essas histórias tinham personagens e cenários, e ambos estavam vivos. Os cenários eram chamados de os Não-Moldados, e os personagens eram chamados de Feéricos.

Os Feéricos, com o passar do tempo, desenvolveram histórias mais e mais complexas, e conforme elas interagiam umas com as outras elas formaram uma narrativa compartilhada: temas recorrentes, lugares estáveis, eventos memoráveis. Eventualmente algo similar a um mundo surgiu em meio ao Caos da Agréstia. Esse mundo era Arcádia, o grande reino Feérico.

Os Primordiais

Mesmo com a sobreposição dos Shinma, a Agréstia ainda era a Agréstia, e tempestades de caos assolavam Arcádia. Feéricos surgiam do nada, viviam histórias, e eram consumidos pelo vazio, obedecendo a vontade dos ventos da Agréstia.

No entanto, um dia, do caos surgiu um novo tipo de ser, possuindo similaridades com os Shinma, Não-Moldados e Feéricos, mas no final, distintos de todas essas coisas.

Como os Shinma, eles existiam como conceitos, dando forma a realidade simplesmente ao existir. No entanto, ao contrário dos Shinma, eles criam seus conceitos encarnando eles, em vez de se definirem em oposição a eles.

Como os Não-Moldados, suas formas eram vastas, em alguns casos, infinitas, seus corpos mais como continentes em comparação com os Feéricos, ou até mesmo mundos inteiros. No entanto, ao contrário dos Não-Moldados, suas formas eram sólidas, ancoradas em distâncias relativas entre pontos em vez do fluxo de causalidade narrativa.

Como os Feéricos, eles tinham caráter e personalidade, nomes e desejos e históriapessoal. No entanto, ao contrário dos Feéricos, eles não existiam apenas para preencher um papel na narrativa; eles pareciam ter uma vontade própria real.

Ainda mais único, esses novos seres eram múltiplos em natureza, não apenas existindo meramente como entidades singulares, e sim na forma de uma nação de almas menores, interconectadas e interdependentes.

No posto mais baixo estavam as Almas de Primeira Ordem, incontáveis em número mas com poder baixo e simples em natureza. Esses eram os mais similares aos Feéricos, e eram chamados de Demônios.

No posto acima estavam as Almas de Segunda Ordem, cada uma representando e comandando um grupo específico de Demônios. Embora apenas um posto de diferença, o poder dessas Almas de Segunda Ordem eram quase incompreensível para as almas de posto inferior. Essas almas eram chamadas de Arqui-demônios

Acima deles estavam as Almas de Terceira Ordem, cada uma representando e comandando exatamente sete Arqui-demônios. Esses eram os Deuses. O Deus-chefe de cada grupo eram chamados de Fetiche, e era tratado como o senhor e cabeça do ser como um todo. Juntos, um grupo de Deuses, seus Arqui-demônios, e os incontáveis Demônios abaixo deles, juntos formavam uma entidade conhecida como Primordial.

Os primeiros primordiais foram Cytherea, a Mãe da Inspiração, e Oramus, O Dragão Além do Mundo. Pouco se sabe sobre eles, mas outros logo surgiram em seus rastro. Havia Theion, o Tirano Empíreano, que encarnava o conceito de Autoridade. Havia Ela Que Vive Em Seu Nome, que encarnava o conceito de Hierarquia. Havia Gaia, A Mãe Terra, que encarnava o conceito da Vida. Havia Autochton, O Grande Criador, que encarnava o conceito de Criatividade. Havia A Sombra do Dragão, que encarnava o conceito de Oposição. E haviam muitos outros, muito mais do que pode se nomear aqui.



Criação

Os Primordiais odiavam a Agréstia, e finalmente, eles decidiram fazer algo em relação a isso. Eles construiriam para si mesmos um mundo, amarrar sua forma usando tempo e espaço, segura dos Não-Moldados, dos Feéricos em suas sagas, da devastação do Caos. Gaia deu seu próprio corpo para servir de substância. Seus Deuses foram forjados por Autochton nos Polos Elementais da Terra, Fogo, Água, Ar e Madeira. Seus Arquidemônios se tornaram os Dragões, e seus Demônios se tornaram os Elementais, guardiões da recém-ancorada realidade contra o Caos e o Povo Feérico da Agréstia. 

Autochton também construiu sua obra mais magnífica, o Tear do Destino, para manter as leis da realidade física, tecendo os fios do futuro na tapeçaria do passado.

Entre os Polos Elementais e o Tear do Destino, uma bola de realidade sólida foi esculpida a partir da Agréstia, governada por um conjunto de leis da física e magia em vez caprichos narrativos e caos. Isso ficou conhecido como a Criação.

Por eras, os Primordiais viveram na Criação, cuidando dela, mantendo a Tear e os Polos Elementais, lutando contra as forças do caos em suas fronteiras. Durante esse período, Gaia e Autochton criaram muitas criaturas interessantes – Bestas e Monstruosidades e Gigantes e numerosas outras formas de vida. Os outros Primordiais tratavam essas formas de vida como brinquedos e curiosidades interessantes, mas não se importaram muito com eles de forma geral.

Um dia Autochton criou uma nova obra-prima, o primeiro Humanoide, conhecido como O Homem de Argila. Orgulhoso de seus trabalho, ele o exibiu para seus irmãos e irmãs Primordiais, que acharam o Homem de Argila tão interessante que eles fizeram vivissecção por diversão enquanto forçavam Autochton olhar. Depois que eles se entediaram, eles deixaram os restos do Homem de Argila no topo do Polo da Terra e foram em busca de coisas mais interessantes.

Gaia sentiu compaixão pelo seu irmão e sua criação, e soprou vida nos restos do Homem de Argila, adicionando sua essência a ele e dando a ele uma alma. Esse foi o primeiro Humano, e com a ajuda de Gaia a humanidade se espalhou por roda Criação, criando muitas nações.

Conforme os humanos se tornaram mais numerosos, os outros Primordiais notaram algo interessante. Humanos eram capazes de algo que nenhum outro ser antes deles era capaz: veneração. Eles podiam gerar essência para entidades maiores simplesmente por venerá-los e prestar reverencia a eles. Com o tempo, a humanidade formou grandes cultos e religiões dedicados aos Primordiais, e em troca alguns desses sacerdotes recebiam favores na forma de magia e milagres.



As Incarnae

Eventualmente os Primordiais se cansaram de manter esse mundo que eles criaram. Eles decidiram forjar novos líderes a partir de seus maiores Deuses, deixando-os encarregados de cuidar da Criação para os Primordiais se retirarem para a Cidade Celestial de Yu-Shan e poderem jogar Os Jogos Divinos.

Theion arrancou e esculpiu seu coração, tornando-o o rei de todos os deuses. Esse era Sol Invictus, O Sol Inconquistado, deus da perfeição e luz sagrada. Remover seu Fetiche transformou o Tirano Empíreano em Malfeas, o Rei Demônio.

Oramus e Cytherea organizaram uma grande guerra entre seus Deuses, e o último tendo devorado todos os outros, se tornou Luna, Aquele de Muitas Faces, o/a deus/deusa da mudança e trapaça.

Ninguém se lembra da origem das Damas. No momento de sua criação, elas avançaram para o passado e para o futuro através do tempo, como se sempre sempre tivessem existido. Essas eram as Cinco Damas Siderais: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, as deusas do tempo e destino.

Juntos, Sol Invictus, Luna, e as Cinco Damas ficaram conhecidos como As Incarnae Celestiais, embora assim que os Primordiais e suas almas se retiraram da Criação, os humanos começaram a pensar nas Incarnae simplesmente como “os Deuses”. Alguns humanos contavam Gaia junto com os Deuses também, pelo fato de seu corpo compor a substância da Criação, o que a impediu de se retirar para o Céu com os outros Primordiais.



Os Exaltados

Os Primordiais criaram as Incarnae com medidas de segurança para protegerem seu próprio poder. Tendo sido criados a partir dos Primordiais, elas tinham algum grau inerente de livre-arbítrio, mas os Primordiais limitaram esse livre-arbítrio, criando juramentos e obrigando que eles fossem subservientes aos seus criadores. As Incanae eram incapazes de se oporem a eles, de os desobedecer, ou se rebelarem. Eles eram os cuidadores da Criação, e eles estavam presos a essa função.

As Incarnae se cansaram dessa escravidão, e planejaram meios de derrubarem seus mestres. Como eles mesmos eram incapazes de se revoltarem, eles tiveram de criarcampeões para lutarem contra os Primordiais em seu lugar. Eles conspiraram com Gaia e Autochton, que tinham simpatia por sua causa, e juntos eles criaram as Centelhas de Exaltação, fragmentos de Poder Celestial que poderia ser ligados com uma alma humana, concedendo ao humano o poder dos Deuses. 

300 Centelhas Solares foram criadas, pareadas com 300 Centelhas Lunares. 100 Centelhas Siderais foram feitas também, 20 para cada uma das Cinco Damas.

Além desses Fragmentos Celestiais, Gaia derramou o sangue de seus Dragões Elementais em nações humanas, criando uma variante Terrestrial das Exaltações, que eram capazes de se espalhar através de linhagens humanas.

Esses 700 Exaltados Celestiais e centenas de milhares de Sangue-de-Dragão receberam de Autochton armaduras poderosas e armas de destruição em massa, e juntos eles marcharam contra o Céu para lutarem contra os titãs.



A Guerra Primordial

A guerra foi longa e sangrenta, custando incontáveis vidas de ambos os lados. Tanta essência era lançada de um dado pro outro que o Tear do Destino mal conseguia compensar. Tempo e espaço foram quebrados, reforjados, e quebrados de novo muitas vezes nesse conflito de heróis e titãs.

Durante o progresso do conflito, alguns Primordiais foram mortos. Mas como você mata uma ideia, a própria encarnação de um conceito? Embora assassinados, esses titãs eram incapazes de morrer, e seus corpos não-vivos caíra através da trama da Criação, a rasgando e criando um reflexo sombrio abaixo dela. Esse foi o surgimento do Submundo, e os titãs que dentro dele ficaram conhecidos como os Não-Nascidos, dormindo eternamente em seus enormes sepulcros observando o vazio, sonhando com o dia em que toda existência se unirá com eles na morte.

Mesmo entre os Primordiais sobreviventes, muito sofreram morte Fetichista, onde sua alma central é morta, permanentemente alterando sua natureza e identidade. Kai-FaTek, Arbitro do Pacto Infinito se tornou Cecelyne, O Deserto Sem Fim; Ele Que Sangra A Palavra Desconhecida se tornou Elloge, A Esfera Da Fala; A Sombra do Dragão se tornou O Dragão de Ébano; e assim aconteceu com muitos dos Primordiais. 

Vendo o destino de seus irmão mortos, e não desejando sofrer ainda mais mutilação de suas identidades, os Primordiais sobreviventes se renderam. Eles fizeram juramentos por seus próprios nomes, pactos eternos de obediência aos Exaltados, da mesma maneira que eles um dia haviam feito as Incarnae subserviente a eles.

Malfeas foi virado do avesso, seu corpo servindo de substância para uma prisão infinita, e o restante dos Primordiais foram trancados dentro dele, costurando e selando as aberturas com o corpo de Cecelyne. Essa prisão ficou conhecida como o Inferno, e os titãs presos dentro dele foram chamados de Yozis.

A Primeira Era

Vitoriosos, as Incarnae deixara a Criação nas mãos de seus Exaltados, se retirando para o Céu para jogar Os Jogos Divinos. Mas sua vitória não foi sem custo.

Em seus últimos momentos antes de ser selada em Malfeas, Ela Que Vive Em Seu Nome, em um último ato de oposição, liberou todo seu ódio e fúria. As chamas dela dizimaram a Criação, reduzindo 9 de 10 coisas nela até cinzas, que foram reabsorvidas pelo caos da Agréstia.

Mesmo com esse inconveniente, os Exaltados começaram a reconstruir e reinar o que restava da Criação, e com os vastos poderes concedidos a eles pelos Deuses, eles estabeleceram uma era dourada de prosperidade.

Novas formas de magia e tecnologia foram descobertas e desenvolvidas. Grandes cidades de pedra e metal se estendiam até os céus; nódulos de leylines foram tampados com Mansões para extrair sua essência para automação; estradas e aeróstatos conectaram cidades cruzando milhares e milhares de milhas.

Mas essa era não duraria para sempre.

A Grande Maldição

O que nem os Deuses nem os Exaltados sabiam era que os Não-Nascidos, com seus últimos suspiros, haviam lançado uma Grande Maldição em seus algozes. Os Exaltados, os novos mestres de toda Criação, iriam lentamente, sutilmente, através dos séculos, inevitavelmente enlouqueceriam.

Os Exaltados Solares, que deveriam ser monarcas divinamente benevolentes, se tornaram tiranos cruéis, guerreando uns com os outros por diversão, realizando experimentos brutais em seus próprios súditos para desenvolver novas tecnologias mágicas, que eles usavam para se massacrarem de forma ainda mais eficiente.

Os Exaltados Lunares, companheiros divinos dos Solares e responsáveis de aconselhá-los e equilibrar sua autoridade, se tornaram cada vez mais submissos aos seus companheiros Solares, rastejando aos seus pés como um cachorro obediente ao seu mestre.

Os Exaltados Siderais, que deveriam ser a burocracia divina e os guardiões do destino, se envolveram em conspiração e paranoia, escondendo, mentindo e traindo, por medo das mesmas artimanhas serem usadas contra eles.

Os Exaltados Terrestriais, que deveriam ser os soldados e responsáveis por manter a paz e a ordem sob comando dos Solares, se tornaram corruptos e egoístas, buscando riquezas e poder para suas próprias linhagens as custas dos outros.

A Era de Ouro do Poder caiu em uma espiral de loucura e sangue, sem previsão de fim ou solução próximos.

A Grande Profecia

Um grupo de Exaltados Siderais, vendo essa lenta espiral dos Solares em direção a loucura (mas não reconhecendo que o mesmo estava acontecendo com eles) foram até o Tear do Destino e realizaram o maior feito de divinação astrológica já feito. Essa divinação se tornou conhecida como A Grande Profecia, e ela revelou três futuros possíveis:

A Visão de Bronze mostrou um futuro onde os Siderais derrubaram os reis Solares e tomaram o manto de autoridade para si mesmo. A era de ouro iria se encerrar e Criação seria reduzida em grandeza, mas não seria destruída. Vida seria pacífica e agradável, embora não gloriosa como antes.

A Visão de Ouro mostrou um futuro onde os Siderais intervieram em favor dos Solares, fazendo-os notar sua própria loucura, buscando sua fonte e removendo ela, retornando Criação a sua era dourada de prosperidade. A visão alertava, no entanto, que esse resultado, embora possível, não era garantido, e possuía uma alta chance de fracasso.

A Visão de Trevas mostrou uma visão do futuro onde os Siderais não fizeram nada, ou eles buscaram a Visão de Ouro mas falharam. Nessa visão, Criação continuou de forma desenfreada em sua espiral de destruição, até ficar incapaz de sustentar vida ou a si mesma. O Tear do Destino falharia, a bolha de realidade iria estourar, e a existência com forma seria consumida pelo caos da Agréstia, ou pior, sugada pelo Submundo para o Esquecimento.

Os Siderais realizaram debates sem fim entre si mesmos sobre qual visão perseguir.

A Facção de Ouro acreditava que os Solares tinham o poder e sabedoria para encontrar a fonte da loucura e curá-la se eles fossem avisados de sua existência, e que valia a pena lutar para manter as glórias da era de ouro.

A Facção de Bronze argumentou que perseguir a Visão de Ouro era arriscada demais. Com apenas os Solares enlouquecidos para ajudá-los e sem garantia de sucesso, eles poderiam condenar a Criação à Visão de Trevas.

O que ambos os lados concordavam, no entanto, era que eles não podiam se permitir ficar parados e não fazer nada.

A Usurpação

No fim, a Facção de Bronze venceu. Os Siderais trabalharam em segredo com Autochton e Sangue-de-Dragão de alta patente na construção do que ficaria conhecido com A Prisão de Jade. Depois de ajudar com sua construção, Autochton, preocupado com retribuição dos Solares caso o plano falhasse (ou corrupção Sideral caso o plano fosse bem-sucedido), pegou os humanos leais a ele e fugiu com eles para Outro Lugar.

Os Siderais e seus conspiradores Sangue-de-Dragão realizaram um grande banquete em honra aos Solares, convidando todos os 300 deles para comparecerem. Magia de alto nível foi usada para obscurecer o propósito real do banquete da visão de videntes Solares, e contra todas as chances, o plano deu certo. Os Siderais e Sangue-de-Dragão emboscaram seus senhores Solares no banquete, e em um massacre sangrento, mataram todos eles.

As Centelhas de Exaltação Solar, que deveriam ter ido para a Roda de Reencarnação para serem purificadas e então enviadas em busca de novos hospedeiros, foram em vez disso sugadas para a Prisão de Jade e aprisionadas. Muitos Lunares também foram mortos na batalha ao lado de seus mestres Solares, embora a maioria tenha conseguido sobreviver, fugindo para as fronteiras da Criação e vivendo escondidos nas fronteiras com a Agréstia.



O Xogunato

Em vez de governarem abertamente, os Siderais escolheram reinar nas sombras em segredo, usando seus generais Sangue-de-Dragão como fantoches. Um Sideral foi tão longe a ponto de quebrar a Máscara, fazendo com que todos com exceção dos próprios Siderais se esquecerem de que os Siderais existiram em primeiro lugar. Embora nem todos os Siderais concordaram com a ação, ninguém descobriu um meio de revertê-la, ou mesmo qual deles cometeu o ato, então eles decidiram aceitar a Máscara Quebrada e trabalhar dentro dos parâmetros dela.

Com os Siderais aprisionados, os Lunares escondidos, e os Siderais esquecidos, a reconstrução da Criação virou responsabilidade dos Sangue-de-Dragão. Eles não possuíam o poder bruto ou ingenuidade necessária para manter as glórias da Primeira Era. Muitos aeróstatos, autômatos, armaduras de guerra, fábricas catedrais, e outras glórias tecnomânticas caíram em desuso por falta de reparos pela ausência de seus inventores Solares para as manterem.

Sem a liderança central do Deliberativo Solar, Criação se fragmentou sob o controle de dinastias, com Xoguns Sangue-de-Dragão tomando controle local e guerreando com cidade-estado vizinhas por território e recursos. Vida para os Xoguns e seus exércitos era sangrenta e agitada, mas vida para o povo comum era uma banalidade pacífica.

A Visão de Bronze se concretizou.



O Grande Contágio e a Cruzada Baloriana

O Xogunato, embora menos glorioso do que a Primeira Era, desfrutou de vários séculos de relativa paz e prosperidade.

Mas isso, também, não duraria para sempre.

Sem os Solares para manter o Sistema de Defesa da Criação, criado na Primeira Era, duas massivas incursões aconteceram mais ou menos ao mesmo tempo, vindo de duas fontes completamente distintas. Se uma aproveitou a ocorrência da outra, ou se isso foi fruto apenas de uma terrível coincidência, é algo para os historiadores determinarem.

Primeiro ocorreu o Grande Contágio, uma praga de mortos-vivos criada pelos servos abissais dos Não-Nascidos. Antes da Guerra Primordial, não haviam mortos-vivos; almas iam para a Roda da Reencarnação e então voltavam a vida. No entanto, quando os Não-Nascidos caíram através da Criação e criaram o Submundo, algumas almas começaram a permanecer lá em vez de seguirem em frente. Esses foram os primeiros Fantasmas, e por eras eles eram os únicos mortos-vivos.

Quando os Solares foram massacrados na Usurpação, treze das almas deles permaneceram no Submundo. Eles se tornaram os Senhores da Morte, os poderosos servos dos Não-Nascidos, e foram eles que desenvolveram o Grande Contágio. Conforme essa praga se espalhou pela Criação, numerosos novos tipos de mortos-vivos foram criados: Zumbis e Espectros, Vampiros e Carniçais, e inúmeros outros.

No mesmo tempo do Grande Contágio, um poderoso senhor feérico conhecido como Balor incitou os exércitos da Agréstia a se unirem na maior força de invasão que a Criação já conheceu. Isso ficou conhecido como a Cruzada Baloriana, e as bordas da Criação foram arrasadas pelos exércitos do caos. Muitos Sangue-de-Dragão e Lunares sobreviventes tentaram barrar o avanço dos exércitos feéricos, mas com as novas legiões de mortos-vivos atacando ao mesmo tempo, eles não conseguiam impedir o avanço inexorável da Agréstia.

Os Siderais observaram tudo isso com horror e confusão, muitos temendo que, mesmo com a Usurpação, a terrível Visão de Trevas estava se concretizando.



A Imperatriz Escarlate

Enquanto toda Criação lutava contra os exércitos feéricos e horas dos mortos-vivos, uma soldada Sangue-de-Dragão desconhecida conseguiu se infiltrar na Mansão Imperial, que havia permanecido abandonada desde o fim do Deliberativo Solar. Nenhum Sangue-de-Dragão ou Sideral conseguiu superar o sistema de defesa protegendo o palácio, mas de alguma forma aquela soldada conseguiu sucesso onde todos os outros haviam falhado.

Da Mansão Imperial, ela ativou o Sistema de Defesa da Criação, ativando os Motores de Realidade e Canhões de Essência e tomando controle direto deles para si mesma. Com essas maravilhas de tecnomância da Primeira Era sob comando dela, ela sozinha forçou a Cruzada Baloriana de volta a Agréstia, e as Hordas de Mortos-Vivos de volta para o Submundo.

Houve retardatários, é claro, mas as forças principais foram dizimadas, e a crise foi prevenida. Essa soldada se proclamou A Imperatriz Escarlate, governante de toda Criação, e quem entre os sobreviventes podiam argumentar contra ela? Muitos tentaram, mas após ela dizimá-los usando o Sistema de Defesa da Criação, a maioria dos rivais remanescentes se curvaram perante ela. A Imperatriz tem governado a Criação no Palácio Imperial desde esse dia, estabelecendo uma dinastia que tem durado séculos, muito mais tempo que mesmo um Sangue-de-Dragão deveria ser capaz de viver, mas até hoje ela reina, aparentemente não tendo envelhecido um dia sequer.

A Caçada Selvagem

Mesmo com o Sistema de Defesa Imperial afugentando as forças principais para a Agréstia e o Submundo, haviam retardatários feéricos e mortos-vivos por toda Criação. E assim a Imperatriz Escarlate fundou a Caçada Selvagem, um bando de soldados Sangue-de-Dragão dedicados a caçar tudo que a Dinastia Escarlate julgasse "não-natural". Isso é claro incluía o povo feérico e os mortos-vivos, mas também incluía todos os Exaltados além dos Sangue-de-Dragão, que a Caçada Selvagem declarou como Anátemas. Com a grande maioria dos Solares presos e os Siderais esquecidos, a maioria do foco era voltado contra os Lunares sobreviventes nas fronteiras da Agréstia, mas a Ordem Imaculada – a religião oficial da Dinastia Escarlate – manteve os terríveis feitos dos Solares insanos e seus obedientes servos Lunares vivos nos medos e mentes do povo comum.

Por sua conexão com os Exaltados Celestiais - agora chamados de Anátemas - veneração das Incarnae Celestiais foi banida pela Ordem Imaculada. Toda veneração deveria ser voltada para os Dragões Elementais, para divindades menores locais aprovadas pela Burocracia Terrestrial para executar tarefas específicas, ou para a própria Imperatriz Escarlate.

O Reinado

A Ilha Abençoada, ou O Reinado, é o centro da autoridade da Dinastia Escarlate. Aqui a Ordem Imaculada e a Caçada Selvagem tem poder total. Veneração ilegal é rara, por que quando ela é descoberta ela é severamente punida. Raças não-humanas sofrem de discriminação aberta e sistemática.

Na Terra dos Saqueadores (ou "Limiar") leste da Ilha Abençoada, as coisas são diferentes. Embora muitas cidades-estado sejam oficialmente parte do Reinado e paguem tributo à Imperatriz Escarlate, a Caçada Selvagem e a Ordem Imaculada não tem uma presença tão forte aqui, e a aplicação de suas doutrinas mais relaxadas; Alguns estados, como Nexus e Lookshy, até se opõem abertamente ao Reinado, e são abrigos seguros para aqueles perseguidos pela Doutrina Imaculada.

Terras mais distantes, próximas das fronteiras da Criação com a Agréstia, são lar de um povo ainda mais variado. Comunidades compostas inteiramente de não-humanos podem ser encontradas prosperando juntos, venerandos seus ancestrais, deuses heréticos ou até nobres Feéricos.

O Desaparecimento e o Retorno

Cinco anos atrás, no Ano 763 do Reinado, a Imperatriz Escarlate desapareceu durante a Calibração, um período de cinco dias de escuridão no final de cada ano, quando o Tear do Destino é desligado para manutenção e as leis normais da física e da magia tornam-se maleáveis e caóticas. Ninguém sabe o que aconteceu com ela ou para onde foi, mas Sangues-de-Dragão ambiciosos em toda a Ilha Abençoada têm conspirado e se confrontado, trazendo suas forças militares de volta para casa para consolidar seu poder. Ao fazer isso, eles reduziram significativamente a presença e o poder militar do Reino no Limiar.

Graças a esse enfraquecimento do Reinado, várias tragédias ocorreram com suas forças no Limiar: as Legiões Tepet sofreram uma derrota massiva para as forças de um Anátema bárbaro chamado o Touro do Norte; a cidade de Thorns foi saqueada por um Senhor da Morte chamado a Máscara de Invernos, cuja cidadela morta-viva, Colosso, agora repousa sobre as ruínas na Terra das Sombras que cresce lentamente lá; entre outras tragédias e derrotas militares.

Talvez o mais significativo seja que, após esses eventos, os Yozis e os Não-Nascidos conspiraram para realizar o maior roubo já realizado. Eles descobriram a localização da Prisão de Jade, e construíram um Gigante Necrotecnológico, projetado para rachar a prisão e capturar os Fragmentos Solares armazenados dentro, que o Dragão Ébano havia encontrado uma maneira de aproveitar e corromper para seu próprio uso.

No entanto, quando o Gigante atingiu a Prisão de Jade, em vez de rachar, ela se despedaçou, enviando Exaltações Solares voando em todas as direções. O Gigante conseguiu capturar metade delas, mas a outra metade voou para o mundo em busca de hospedeiros mortais, dando o segundo sopro a 150 novos Exaltados Solares. Dos 150 que foram capturados, 50 foram entregues aos Yozis e os outros 100 aos Não-Nascidos. Esses se tornaram os Exaltados Infernais (ou "Príncipes do Sol Verde") e Exaltados Abissais (ou "Cavaleiros da Morte"), servos do Inferno e do Submundo, tão poderosos quanto os recém-retornados Solares.

Quem É Você? 

Você é um mortal que recebeu o segundo sopro como um dos recém-retornados Exaltados Solares? Você é um dos Exaltados Lunares, vivendo escondido nas fronteiras da Criação? Você é um dos Exaltados Siderais, gerenciando as burocracias do Céu e da Terra por trás da Máscara quebrada? Talvez você seja um Sangue de Dragão, um Dinasta do Reinado ou um Exilado no Limiar? Você é um Exaltado Abissal ou Infernal, gerenciando as demandas de seus mestres Primordiais distorcidos com os gritos da humanidade que ainda vive em sua alma? Você é um dos Sangue de Deuses, um mortal em cujas veias corre o sangue de um deus, demônio, elemental ou Exaltado? Ou você é simplesmente um Mortal Heroico, comum, mas com sua tenacidade e vontade de impor seus desejos ao mundo? 

Quem quer que você seja, desejamos a você boa sorte na Criação.