Micro-Cenário:
Raptorlândia
por Elizabeth Chaipraditkul
Introdução
Quando os reinos eram jovens, os dinossauros caminhavam pelas terras. Eles construíram grandes palácios de canções e odores, moldando a terra com dentes, garras e penas. Dentro do reino, eles viviam em harmonia — caçador, presa, e tudo o mais que poderia existir entre eles.
Então, aconteceu um desastre terrível — a Calamidade — e o reino foi mudado para sempre. Elfos, anões e humanos surgiram da terra. Eles rapidamente cobriram a superfície, como um jato violento de magma, e, com seu barulho, emudeceram os céus de canções. Os velociraptors lideraram todo o povo dinossauro para um novo reino, um local onde poderiam reconstruir suas vidas, um lugar a salvo do "povo de pele".
Usando ritos sombrios de caçada e sangue, os velociraptors fecharam os portais entre seu novo reino e aquele que o povo-dino deixou para trás. Aqui os dinossauros iriam começar de novo, construir um mundo que poderia suportar um massacre do povo de pele se eles ousassem entrar no novo reino dos dinos. Logo, Raptorlândia foi criada.
Agora, os portais para a Raptorlândia estão abertos, entrem se ousarem.
Muito Barulho Sobre Dinos
Dinossauros, abreviado para dinos em Raptorlândia, são criaturas ancestrais conscientes. Elas têm a habilidade de falar na língua comum, mas preferem não o fazer, por ser uma forma desajeitada de se comunicar. Ao invés disso, dinos preferem se comunicar com linguagem corporal, odores e canções. Essa é a única forma de realmente se entender um dino.
Eles são grandes construtores, e embora parte de suas construções sejam físicas — estruturas de pedra em espiral que arranham os céus e vão às entranhas da terra —, muitos de seus monumentos são invisíveis a olho nu. Lugares de grande importância são marcados com um odor, que evoca um sentimento. Cada dino que passou pelo evento exala um odor diferente expressando suas emoções no momento em que ele ocorre. Qualquer dino que encontrar o local vive o que aconteceu como se houvessem estado lá — eles veem e, mais importante, entendem o que aconteceu ali.
Criaturas não-dino jamais foram vistas em Raptorlândia, e provavelmente causariam pânico se fossem vistas. Todo filhote cresce aprendendo sobre o povo de pele e o que eles fizeram ao povo-dino. Eles aprendem sobre as caçadas a dinossauros e como seu povo foi forçado a sair de uma terra que eles tanto amavam. No momento em que um Dino se visse diante de alguém do povo de pele, ele provavelmente atacaria ou tentaria capturá-lo, dependendo de seu temperamento.
A sociedade dino é baseada em manadas. Não há hierarquia no reino, exceto pelo Conselho de Velociraptors que tem a função de manter o reino seguro. Leis não existem, porque cada dinossauro segue a "ordem natural" de predador e presa. Um tiranossauro que mata para se alimentar não é mais maligno que um tricerátops que mata para proteger seus filhotes.
É como deve ser.
A Compreensão
Entrar em Raptorlândia leva consigo uma maldição, lançada nos portais de Raptorlândia quando foram trancados logo após a Calamidade.
A maldição é chamada de a Compreensão e foi feita para que ninguém do povo de pele sobrevivesse em Raptorlândia. Quanto mais criaturas não-dino ficam em Raptorlândia, supondo que sobrevivam, mais elas se tornam como os habitantes locais. Ficam maiores, crescem penas, e suas unhas viram garras.
O primeiro passo da maldição é objetivamente benéfico e ocorre nos primeiros dias após se entrar em Raptorlândia. A pessoa pode ficar mais forte, ou com uma visão mais apurada; não há sinais externos de mudança e talvez a própria pessoa não note. No segundo passo da maldição, a pessoa começa a se esquecer de quem é: às vezes se esquece do nome de seus amigos, das pessoas amadas, ou mesmo do dia atual. O terceiro passo da maldição inflinge mudanças físicas: a pessoa duplica de tamanho, ou sua pele começa a se transformar em escamas. Entre o terceiro e o último passo da maldição, a pessoa passa por uma transformação brutal — se tornando lentamente um dinossauro. Como seus músculos, pele e ossos se esticam, o processo é terrivelmente doloroso. O passo final da maldição é permanente — a pessoa se torna um dinossauro e se esquece de sua vida pregressa.
A única forma da pessoa remover a maldição da Compreensão é passar pelos três testes definidos pelo Conselho de Velociraptors. A pessoa deve provar que é honesta e compreende porque os dinos fugiram originalmente de seu lar.
Povo Dino
O Conselho de Velociraptors
O Conselho de Velociraptors é composto de quatro velociraptors imortais liderado pela raptor conhecida como Gancholongo. Ela tem penas turquesas magníficas cobrindo seu corpo, e a garra de seu braço esquerdo, que tem um brilho de obsidiana e um crepitar de magia, é muito mais comprida que a de seu braço direito.
Ela foi uma das primeiras a dizer aos outros dinossauros que deveriam fugir do reino mortal. Gancholongo ensinou a qualquer dino que ouvisse a ela a magia da canção. Como poderiam curar as feridas mais graves e mesmo parar o envelhecimento.
O Conselho sabe que os portais para Raptorlândia estão abertos, mas não espalhou a notícia para evitar o pânico em massa. Gancholongo suspeita que alguém no Conselho abriu os portais, talvez para enfraquecer sua posição — mas quem seria tolo o bastante para tomar uma decisão que colocaria todo o povo dino em perigo? Seria o estóico Presapartida? Corre-campos, o Quieto? Com certeza não sua leal amiga Samambaia? Se ela não investigar tudo isso logo, todo seu reino pode estar em perigo.
Terras do Imperador Hus
Imperador Hus é um Crocodilo Imperador gigante que capitalizou o modo de vida do povo dino. Ele controla uma grande faixa de terra repleta de lagos, rios e córregos rasos e de águas mornas. Onde a maioria dos predadores pegam apenas o que é necessário e se alimentam apenas quando têm fome, Hus se tornou gigante e gordo em sua ganância. Com certa de 20 metros de comprimento, ele co-opta outros crocodilos imperadores para cumprir suas ordens e trazer mais comida a ele.
Se um dino deseja não ser sua presa, deve fazer oferendas a ele — animais menores ou mesmo seus próprios ovos. O Conselho já ouviu sobre os acordos nefastos do Imperador Hus, mas não sabe ao certo o que fazer. Eles não foram criados para governar o povo dino, apenas para protegê-lo do povo de pele. A membro do conselho Samambaia frequentemente se manifesta contra Hus e trabalha secretamente para derrubar seu reino de tirania.
A Manada de Grama ao Vento
A Manada de Grama ao Vento é um grupo de dinos herbívoros que vive na Planície Grama ao Vento. Composta primariamente de diplodocos, a manada viaja junta por proteção. Embora a manada seja de tamanho impressionante, ela é sempre ouvida antes de ser vista. Uma bela canção complexa chega a todos os cantos da Planície Grama ao Vento, composta pelas vozes de cada membro da manada, do mais jovem ao mais velho. Quando a manada dorme, aqueles acordados continuam a canção, e quando todos acordam, a planície explode em um novo refrão de melodia.
Ouvida de longe, a canção ecoa as boas vindas a todas as criaturas pacíficas. Também age como proteção para a manada, afastando predadores e deixando o recado: somos fortes, vocês não podem nos derrotar. A canção se torna mais complexa à medida que se aproximam da manada. Centenas de vozes conversam entre si, dividindo pensamentos sobre seus dias, conversas particulares, emoções profundas. Cada voz acrescenta à mensagem que cobre toda a planície.
Recentemente, a Manada de Grama ao Vento tem tido problemas com membros de sua manada desaparecendo. Membros da manada parecem estar caindo no sono ao mesmo tempo, o que significa que sua canção não está protegendo as fronteiras de sua terra, e quando a manada acorda, ao menos um dino está desaparecido.
O que quer que esteja fazendo isso com eles deve ser mágico, mas as matriarcas da manada ainda precisam desvendar o mistério. Talvez o membro do conselho Corre-campos, que passou algum tempo com eles, possa ajudá-las na investigação.
Monte Thero
Quando o povo dino chegou em Raptorlândia, os compsognatos (chamados de "compos" pelos dinos), se afastaram da sociedade dinossauro e se abrigaram no Monte Thero. Eles se recusaram a seguir os ensinamentos de Gancholongo e, ao invés disso, adoram um dos seus, conhecido como Precursor.
Embora o messias compo tenha falecido muitos anos atrás, os compos ainda o adoram como a uma divindade. Eles criaram uma seita ao redor de seus ensinamentos, que eles gritam e cantam sempre que podem:
Pequeno é superior.
Sem dar, só pegar.
Compos sempre vencem.
Compos são pequenos, cruéis e pouco inteligentes, o que é sempre uma combinação perigosa. Por sorte, eles estão sempre nos corredores sinuosos que eles esculpiram no Monte Thero. Só saem da montanha quando precisam caçar, surgindo de centenas de buracos minúsculos na montanha como formigas jorrando de um formigueiro. Em uma caçada, os compos primeiro comem até se sentir saciados, depois levam presas vivas até a montanha. Essas presas servem como comida pelos meses seguintes, para que não tenham que interagir demais com outros dinos. Como Precursor diz, "Forasteiros são estúpidos!"